27.3.11

invólucro

É apenas miséria, meu bem. Comunicação interiorizada. Insisto até atingir o meu pior pedaço.

Decido neste primeiro dia de agosto rejeitar todos os papéis escritos e reafirmar uma indignação ao personagem-vida-mundo. A maquiagem dos corpos evidencia um rosto de cristal falso. Existe um eterno perigo por aí, e em nome de meu pobre nome em vão entristeço a calma utilizando a imperfeição dos dedos. Aponto uma direção contrária ao horizonte e espero que os músculos de um corpo me acolham nesta possível chegada. Um caminho de barro é o que resta: sujar os pés na busca, solidificar a destruição das farsas, magnetizar teorias, relembrar suaves e rápidos conselhos ditos por amigos de ocasião.

Restam sobras, docemente enxáguo as roupas que me enfeitam nos dias de alegoria onde somente eu posso dançar – balançando as asas que me impossibilitam a aterrissagem. Mas os mistérios de novas cidades e ruas e indivíduos não me encantam porque não há local propício neste mapa. Alguém alimenta dívidas utilizando olhos de falta, este alguém finge entender – não há inteligência.

Não mais o destino preso ao meu alcance – pensei – antes de me vestir para a noite. Antes, os supostos olhos observadores perderam a cor verde e tornaram-se olhos de inveja. Há desejo em cada objeto visto, portanto o meu amor te destrói enquanto me arrasto lentamente ao meu arranha-céu de pedra. É impossível querer mais de ti. Tu não te movimentas no decorrer da dança.

Antônio LaCarne

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