22.4.11

não há paixão na sexta-feira da paixão

Infelizmente fui educado numa instituição católica até os meus 16 anos, onde me mudei para a "big apple" do mal gosto & de gente não civilizada. Me larguei, abri os olhos & a boca, saí, bebi & percebi (com meus olhos de não sei o quê) que o mundo é bizarro & tudo é uma grande farsa de quinta categoria. Aqui, o meu propósito não é falar sobre religião ou princípios ou me lamentar ou criticar a "existência" em si. Não se trata de um dia de cão, ou de má sorte. É o meu momento-revolta, pois sempre tentei ao máximo ser transparente (o que se mostrou ser um grande erro). Todos somos uns filhos da puta & dane-se quem quiser, eu não me importo.

Antes de ontem, sim, foi um dia-cão misturado com cansaço, exigência de atenção & whatever, até sentar numa mesa de bar para a botecagem-salvação. Maarji telefonou, como se soubesse que eu precisava infinitamente dela: a ótima amiga, que veio ao meu encontro. Francisco Matias, também com sua visão apocalíptica do meu "desespero" telefonou & compareceu com sua presença digna. Leonardo (enquanto menos esperávamos) deu o ar de sua graça (para nossa supresa & gozo). Sim, o dia-cão se transformou numa mesa de amigos, sorrisos, inúmeras cervejas. Mas como se o destino quisesse ofertar o seu cu sobre a minha face, percebi que eu havia esquecido todo o meu dinheiro no hotel onde trabalho. Eu, cansado, exausto emocionalmente, fisicamente, mal vestido & sem um puto no bolso. Okay, amigos trabalhadores & prestativos ofereceram ajuda ao queridinho aqui, dinheiro não foi problema, dessa vez quem esfregou o cu na face do destino fui eu, ecoando a frase: "money is not my salvation, motherfucker".

Sim, o consumismo me encanta, pois Matias, estilista de nossos corações & da moda, trouxe pra mim a bolsa de sua nova coleção, caríssima, de couro resistente para vida, & só pagarei quando puder. Sem contar o presentinho adorado de Brayan Ivanovick: um colarzinho mimoso de caveira. Sim, caveira. Mas o tempo voou como uma gozada em milésimos de segundo quando Maarji & Leonardo tiveram que ir embora. Continuei na mesa, bebericando ao máximo como ninguém que eu conheça, com pessoas que eu nem sequer saberia distinguir o nome, pois eu já não falava coisa com coisa, eu não ouvia coisa com coisa, & a vontade de descansar lânguido na minha cama era do tamanho de um imenso pau que jamais caberia na boca. Então Matias me acompanhou até o táxi & pagou a corrida, é claro.

Porém hoje a volúpia me acompanhou por toda a manhã, princi"PAL"mente quando notei, com meus olhos de águia certo detalhe... certo exagero... certa imensidão... em fulano de tal que jamais ousarei dizer o nome & que jamais ousarei contar os detalhes aqui, afinal os meus olhos são capazes de me proporcionar orgasmos múltiplos. O resto é segredo imaculado. Por favor, não insista.

(Querido Pavel Novotny, desculpe a comparação, mas você não vale nada, pois você não é real & você mora na República Tcheca ou na Hungria & você é uma droga impossível de suportar aos olhos de um ser humano como eu, pois não sou geek, não sou trend, não sou fancy, não sou cool, não sou antenado, não sou in, sou HEAVYYY).

Posso continuar?

Não adianta confiar nas pessoas & a sua noção de "eu" é a sua maior cartada na vida, baby. Joana, no mesmo dia, me enviou via sms a seguinte frase do Bukowski: "Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar". A falta de sexo gerou isso aqui, algo IMPENETRÁVEL. Mas sexo, como salvação ou libertação do estresse não tá com nada. Não sou alguém sexual, jamais serei alguém sexual & não saio por aí catando gente ou olhando de um lado para o outro em busca de vítimas frívolas. Afinal, se você sente prazer em transar com um corpinho sexy ao invés de uma boa cantada, de uma boa dose de inteligência, de senso de estética, de emancipação transcendental & de princípios íntimos-revolucionários, respondo com a seguinte declaração: você jamais fará parte do meu bonde, sweetheart.

Já não sei como continuar tal manifestação voluntária, tudo saiu como eu não havia planejado. Desejo o meu amor aos queridos, & aos inimigos, que eles sofram como eu sofri.

Blood is the new black. Segunda é o novo sábado. As drogas são uma delícia. & eu quero escrever cartas para contar & inventar todos os meus dramas. Como diz Ana Cristina Cesar: "Eu quero que você saia daqui".

Beijos meus no ponto onde tu há de desmoronar,

Antônio LaCarne.

10 comentários:

  1. Olha Antônio, é preciso uma verdadeira coragem de escritor para se mostrar tanto. Achei o máximo. Me fez lembrar o dito de que a vida pode ser mais interessante do que a ficção. Um texto fucking raw!! Sem volteios, dizendo tudo sem hesitar. Às vezes o melhor a fazer é esquecer toda a delicadeza.

    ResponderExcluir
  2. É natural dos seres que têm consciência a vontade experimentar com a consciência.

    Tenho Medo. A partir do momento que se tem medo, é preciso que se faça algo contra ele.

    Nos nossos túmulos haverá a seguinte inscrição: "tudo ocorreu como não planejado"

    C'est tout une vraie merde. Te amo.

    ResponderExcluir
  3. Bacana. Desabafar é sempre bom - foi assim que interpretei o post.

    A frase do velho Buk e demais. É assim que me sinto. Gosto de estar comigo mesmo.

    Abs

    ResponderExcluir
  4. Tony, dps do quarto ou, sei lá, quinto parágrafo eu acho que teu blog vai ter mais visitantes. hehe.

    Adorei meu início de night no bar. Apesar da minha pulseira... chuif.. hehe. #superado ;D

    ResponderExcluir
  5. Tenho a impressão que estás tão longe. A tua escritura em protesto contra esse mundo que nega e a dinâmica da tua liberdade querendo sobressaltada correr, voar no sideral E essas inóspitas letrinhas terral que pulam sobre meus olhos sejam também provindas de ti humano instituído como mesmo acima contaste pelo mundo religioso católico e seja por tu mesmo também oportuno uma renegação típica descritas em fatos aos padrões estabelecidos e abandonados, és corajoso. Lembras-me Caio. Todos têm partes dele. Já com respeito ao escritor Bukowsky, tenho aqui em casa ereções ejaculações e exibicionismos (diários como esses flamejantes), livro emprestado e pago por beijos. E a minha frase favorita de escritor estrangeiro até hoje é dele, que diz:

    O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz a gente se sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse?Mas a gente nunca conhece.

    ResponderExcluir
  6. Eu ia pedir licença pra entrar, mas aí lembrei que seria uma imbecilidade bater numa porta que não existe.

    Gostei daqui. Lamento dizer isso após ler um relato que não é dos mais alegres, mas não to dizendo que gostei de tu estares ferrado ou não, digo que gostei da tua forma viril de escrever. As pessoas esquecem que não é preciso muita frescura pra haver lirismo. Teu blog é uma prova disso. Por isso sigo.

    Abraços, meu caro.

    ResponderExcluir
  7. my sugar is raw hein querido? sem falar que vc mudou o mu vocabulário

    "não sou geek, não sou trend, não sou fancy, não sou cool, não sou antenado, não sou in, sou HEAVYYY"

    vou usar..hahahaha

    ResponderExcluir
  8. Texto belíssimo! Palavras de quem se deixa arrastar no asfalto, mergulhar no que não sabe, viver o que não se planeja, mesmo que haja uma pontinha de planejamento nisso tudo. Não é pra todo mundo não. Esse 2+2 que é igual a 4 só na consciência (às vezes), mas que não chega nem perto dessa loucura que transborda em doçura, em vontade de matar, de viver, de amar, de explodir...

    ResponderExcluir
  9. Um corpo sem sombra a (des)andar em branco e preto, vazando o hálito da mística escultura do seu próprio tempo. Foi assim que interpretei.

    BeijooO*

    ResponderExcluir