[o coração também é lama. a voz que ecoa de tantas bocas também é fogo que subestima as noções do tempo. é bem vindo o instante em que eu, por motivos guardados a sete chaves, esclareço as nódoas, respingos, espinhos, unhas encravadas. triste do homem sem voz ou triste da persona que se deixa levar pelos meandros da boa conduta. então descrevo uma idealização íntima, projeto pessoal de convivência com o mundo - crônica impenetrável que toma corpo, rastro e nitidez].
acendo um cigarro. ligo o farol da investigação que há de me decodificar. penso nos erros, nas boas e más companhias. reflito a razão dos absurdos. me pergunto: por que perdemos tempo diante dos presságios que insistem em tornar os dias e noites em caos? pois somos insetos que incorporam tendências urbanóides sem qualquer explicação.
[pausa para tomar fôlego. pausa para rastrear o nó na garganta: aquela percepção quase sempre tardia, mas que por algum motivo, soa como última chance para o último pecador. eu sou o último pecador e me permito, na melhor das intenções, uma última chance].
não é impressão minha que a realidade seja de uma gravidade aterrorizante. intolerância não é perceber que as pessoas são de um desinteresse monstruoso. todos os dias os mesmos códigos fracassados. carência e abnegação em cada olhar perdido por aí. tantos e tantas fingindo nobreza, beleza, aceitação, inteligência, popularidade, sex appeal & everything.
já não considero um erro não ser tão pessoal se comparado ao que eu era em 2009? ok, eu não me revelo aqui, apenas entrego pistas, o lance das pérolas aos porcos. de certa forma se trata de um relato da indisposição ao que existe. não há espaço para a razão, e sim para a emancipação das sensações.
[i´m not playing games anymore]